sexta-feira, 10 de julho de 2015

DEZ PONTOS IMPORTANTES PARA O T'AI-CHI CH’ÜAN


Instruções orais de Yang Ch’eng-fu, registradas por Ch’en Wei-ming em T'ai-chi ch'üan shu ( A Arte do T'ai-chi ch'üan )
1o. publicado em 1925 pela escola Chen, a Chih-jou ch’üan-she, reeditado por Hsiang-kang wu-shu chú-pan-she, Hong Kong, n. d. Também Yang-chia T'ai-chi ch'üan t’i-yung ch’üan-shu ( Princípios Completos e Aplicações do T'ai-chi ch'üan da Família Yang), Hong Kong: Hsin-wen shu-tien, n. d.


1- A Energia no Topo da Cabeça Deve ser Leve e Sensitiva. “Energia no topo da cabeça”
significa que deve-se manter a cabeça ereta, para que o espírito ( shen ) posso alcançar o cimo.
Nenhuma força deve ser utilizada. Se a força for empregada, a nuca ficará tensa e sangue e c’hi
não serão capazes de circular. Deve haver uma sensação de leve sensitividade e naturalidade.
Sem esta energia leve e sensitiva, o espírito não pode ascender.

2- Recolher o Tórax e Expandir as Costas. “Recolher o tórax” é permitir um ligeiro
recolhimento do peito, permitindo que o ch’i baixe para o tan t’ien. Evite absolutamente expandir o
peito, pois isto causa a paralisação do ch’i no tórax, resultando em rigidez na parte superior do
corpo. Isto tende a causar uma oscilação nas solas dos pés. “Expandir as costas” quer dizer que o
ch’i projeta-se pelas costas. Recolhendo o peito, as costas naturalmente expandirão. As costas
expandindo, a força será emitida a partir das costas, permitindo superar qualquer oponente.

3- Relaxe o Quadril (cintura). A cintura é o regente do corpo. Se a cintura está relaxada,
nossos pés terão poder e nossa fundação será estável. Mudanças do cheio e do vazio, todas são
provenientes da cintura. Por isto dizemos que ela é a área mais vital. Se perdemos potência,
devemos procurar a causa na cintura.

4- Distinção do Cheio e do Vazio. Distinguir o cheio do vazio é o primeiro princípio do T'aichi
ch'üan. Se o peso do corpo repousa sobre a perna direita, então ela é cheia e a esquerda é
vazia. Se o peso se apóia na perna esquerda, então agora a esquerda é cheia e a direita é vazia.
Somente após distinguir entre o cheio e o vazio, nossos movimentos se tornam leves, ágeis e sem
esforço. Se não somos capazes de fazer tal distinção, nossos passos ficam pesados e rígidos;
nossa postura será instável e seremos facilmente tirados do equilíbrio.
5- Baixar os Ombros e Dobrar os Cotovelos para Baixo. “Baixar os ombros” quer dizer que
eles são capazes de relaxar e de se manterem baixos. Se eles não podem estar relaxados e
abaixados, conforme eles levantam o ch’i sobe também, e o corpo inteiro fica sem potência.
“Dobrar os cotovelos” significa que eles devem relaxar, flexionados para baixo. Os cotovelos
subindo, a conseqüência é que os ombros não podem abaixar. Não seremos, então, capazes de
empurrar nossos oponentes muito longe: estaremos cometendo o mesmo erro da energia
interrompida dos sistemas externos.

6- Use a Mente, Não a Força. Isto é afirmado no “Tratado do T'ai-chi ch'üan”, e indica que
devemos confiar exclusivamente na mente e não na força. Praticando o T'ai-chi ch'üan, todo o
corpo deve estar relaxado. Se pudermos eliminar mesmo a mais leve inabilidade que cria
obstáculos nos músculos, ossos e veias, restringindo nossa liberdade, aí então nossos
movimentos serão leves, ágeis, circulares e espontâneos. Alguns imaginam como podemos ser
fortes sem usar força. Os meridianos do corpo são como os cursos d’água da terra. Quando os
cursos d’água estão desimpedidos, a água flui livremente; quando os meridianos estão livres,
então o c’hi pode passar por eles. Se a tensão bloqueia os meridianos, o c’hi e o sangue serão
obstruídos e nossos movimentos não terão agilidade; se até mesmo um fio de cabelo for puxado, o
corpo inteiro será estremecido. Mas se, por outro lado, não usamos força e sim a mente, aonde for
a mente, o c’hi a seguirá. Deste modo, se o c’hi flui desobstruído, diariamente penetrando por
todas as passagens do corpo sem interrupção, então, depois de muita prática, teremos adquirido
um verdadeiro poder interior. Isto é o que o “Tratado do T'ai-chi ch'üan” pretende significar com
“somente da mais elevada suavidade pode vir a dureza”. Os braços daqueles que dominaram o
T'ai-chi ch'üan são extremamente pesados e são como o aço oculto no algodão. Quando os
praticantes dos sistemas externos usam a força, ela é aparente; mas quando eles têm força e não
a estão aplicando, eles estão leves e oscilantes. É óbvio que a força deles é um tipo de energia
externa e superficial. A força dos praticantes dos sistemas externos é muito facilmente manipulada
e não merece elogios.

7- Unidade do Corpo Superior com o Inferior. A unidade do corpo superior com o inferior é
o que o “Tratado do T'ai-chi ch'üan” quer dizer com “a raiz está nos pés, é emitida pelas pernas,
controlada pela cintura e expressa pelas mãos”. Dos pés para as pernas, e destas para o quadril,
deve haver um circuito contínuo de c’hi. Quando as pernas, o quadril e as mãos movem-se, o
espírito (shen) dos olhos move-se em uníssono. É isto, então, que pode ser chamado de “união do
corpo superior com o inferior”. Se apenas uma parte deixar de ser sincronizada com o todo, haverá
confusão.

8- A Unidade do Externo com o Interno. O que o T'ai-chi ch'üan treina é o espírito.
Portanto, é dito que “o espírito é o líder e o corpo está a seu comando”. Se fizermos o espírito
ascender, nossos movimentos serão naturalmente leves e ágeis. As posturas não são mais do que
cheio e vazio, aberto e fechado. O que entendemos por aberto não é limitado apenas às mãos ou
aos pés, mas deve-se ter uma idéia de emitir também na mente. Da mesma maneira, o fechado
também não é limitado a mãos e pés; deve-se ter a idéia de receber na mente. Quando o externo
e o interno estão unificados como um único c’hi, não há interrupção por parte alguma.

9- Continuidade sem Interrupção. O poder dos estilistas externos é extrínseco e tosco.
Podemos observá-lo iniciar e acabar, continuar e parar. A velha potência é exaurida antes que
uma nova possa nascer. Neste ponto, eles podem ser facilmente derrotados por outros. Usamos a
mente no T'ai-chi ch'üan, não a força. Do princípio ao fim não há descontinuidade. Tudo é
completo e contínuo, circular e interminável. A isto se referem os Clássicos com “mover-se como
um grande rio fluindo sem fim”, ou “mover a energia como o desenrolar da seda de um casulo”.
Tudo isso expressa a idéia de unidade do c’hi.

10- Busque a Serenidade na Movimentação. Praticantes de estilos externos consideram
pular e agachar como destreza. Eles exaurem seu c’hi, e depois da prática estão invariavelmente
sem fôlego. T'ai-chi usa a tranqüilidade para contrabalançar o movimento. Quando estamos em
movimento, permanecemos calmos. Portanto, ao praticar as posturas, quanto mais lento melhor
será. Quando diminuímos o ritmo, a respiração torna-se lenta e longa, o c’hi pode descer para o
tan-t’ien, e podemos naturalmente evitar os efeitos deletérios da pulsação elevada. Os estudantes
que cuidadosamente deliberarem sobre nossas palavras estarão aptos a alcançar seu significado.


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